domingo, 5 de junho de 2011

Como Transplantar uma de muda recém adquirida


Quando adquirimos uma nova planta, uma muda de viveiro a primeira coisa que devemos pensar após uma boa assepsia é no primeiro transplante. E por que ele se faz necessário? A maioria das plantas adquiridas em viveiro vem em terra muito pobre, já quase sem nutrientes e com pouca drenagem, na sua maioria são terras de cor avermelhada, ou seja, conhecida como terra de barranco. E por que isso ocorre? A maior parte delas é plantada e desenvolvida diretamente no chão ou em saquinhos de plástico com pouca terra, a mistura utilizada para o desenvolvimento inicial não é muito exigente, porém com o tempo além do espaço se tornar diminuto os nutrientes já em pouca quantidade ficam mais escassos.

Devido à planta ainda ser jovem as possibilidades de estilização são inúmeras, portanto a estilização da mesma deve ser um passo a ser pensado mais a frente, após a recuperação da planta. Outro fator que ocorrerá será a vasta brotação que se dará após o transplante e recuperação o que nos deixará com vários caminhos a seguir.

Toda estilização deve antes de mais nada ser posterior a um projeto. A ideia é pegar uma foto de alguma planta que você tenha gostado e tentar seguir seu desenho, ou seja, suas formas. Também é possível desenhar seu próprio projeto.

Decidido o projeto a seguir, mãos a obra, porém caso tenha dúvidas sobre quais galhos podar, não se acanhe, pergunte aos mais experientes, existem muitos fóruns e blogs sobre o assunto e que poderão ser de grande auxilio nessa hora. Encontre o que mais se identifique e passe a fazer parte. Ainda assim se tiver dúvida, não faça a poda de imediato, espere mais um pouco, por vezes fiquei indeciso sobre podar ou não esse ou aquele galho, deixei, esperei e depois de algum tempo notei que se tivesse podado teria me arrependido e em outras pude fazê-lo já bem decidido.

Lembre-se, bonsai e sobretudo paciência e você deverá ter muita paciência para chegar aonde quer. É um ótimo caminho para quem precisa desenvolver essa virtude tão escassa nos dias de hoje. 

Também tenha em mente que esse primeiro transplante deverá ser para um vaso bem maior para que ela tenha espaço para se desenvolver ou então no chão. Outra opção seria transplantá-la para um escorredor e trabalhar com a técnica de mamadeira. Porém no vaso ou no chão o desenvolvimento inicial de uma muda é bem mais rápido. 

Se optar pelo transplante, seja qual for a técnica que irá utilizar (vaso, chão ou escorredor), a melhor época e no final do inverno, inicio da primavera, aqui no Brasil final de agosto início de setembro época em que as plantas começam a sair da dormência do inverno, isso não quer dizer que tal procedimento não seja possível em outras épocas, porém nesse caso os riscos de perder a planta são maiores.

Pode o menos possível as raízes nessa fase. Para facilitar a retirada do vaso deixe a terra secar um pouco e quando for retirá-la bata dos lados e fundo do vaso para se soltar. Depois virando o vaso de ponta cabeça. Com uma das mãos em volta do tronco, dê pequenas batidas no fundo vaso para que o torrão se solte, se tiver alguém para auxiliá-lo irá facilitar. Com um palito de churrasco (ou um hashi se tiver disponível) vá cutucando a terra para que ela vá se soltando das raízes. 

Se estiver muito compactada, pode ir lavando o torrão com um jato de água não muito forte para ir desmanchando a terra (não use um jato muito forte, pois as raízes finas que alimentam a planta são frágeis e podem ir se quebrando e soltando junto com a terra). Lembre a idéia é preservar a maior quantidade possível de raízes, é um processo lento e cuidadoso. 

Após as raízes estarem limpas, vá penteando-as com cuidado tentando abri-las em forma de guarda-chuva. Pode acontecer de um dos lados ter menos raízes ou até nenhuma, não tem problema, penteie as que houverem com o próprio palito de churrasco, desembaraçando-as com cuidado, o mesmo cuidado anterior para não quebrá-las (lógico que algumas irão quebrar, mas não se faz omelete sem se quebrar alguns ovos). 

É bom que já tenha o novo recipiente ou buraco no chão preparados, assim como o substrato que irá utilizar, evitando que as raízes fiquem expostas por muito tempo e se sequem, além de que as raízes finas são fotossensíveis. Você pode borrifar água sobre as raízes para evitar o ressecamento durante o preparo do novo local de plantio.

Se for plantar na terra, faça um buraco com bom espaço e prepare uma mistura de terra vegetal  com esterco curtido (não exagere no esterco, leia as instruções do fornecedor). É bom preparar esse substrato pelo menos uns quinze dias antes.

Nesse momento não se preocupe com o nebari, todos que iniciam logo começam a se preocupar com o nebari, mas este é o último a se desenvolver, principalmente quando é uma jovem muda. Você já deu o passo inicial para um bom nebari quando o deixou de forma radial penteando-o. Experiência própria, conforme a planta for engrossando o nebari estará se desenvolvendo em baixo da terra. Penteá-las para que fiquem abertas é uma parte do processo de desenvolvimento do nebari, visando futuramente um enraizamento radial.

Faça uma cama com o substrato para receber as raízes da planta. Coloque a sobre o novo substrato e complete cobrindo todas as raízes. Com o hashi, acomode o substrato entre todas as raízes a fim de evitar bolhas que viram locais de concentração de bactérias anaeróbicas que causas podridão das raízes.

Se planta tiver sido transplantada para um vaso ou escorredor, mergulhe o mesmo em uma bacia com água até cobrir o novo vaso ou escorredor. Isso além de umedecer de forma muito eficaz o substrato também ajudará para que os espaços que formam bolhas sejam expulsos. Se tiver plantado no chão regue em abundância.

Mantenha a planta a meia sombra por pelo menos 30 dias. Caso tenha plantado no chão, se faz necessário uma cobertura com sombrite. Borrife as folhas diariamente e em caso dias muito quentes até mais de uma vez ao dia para evitar a perda de umidade pela respiração das folhas.

Após os 30 dias exponha a planta gradativamente, durante alguns dias, a luz solar direta, começando com o sol da manhã e aumente essa exposição até que a mesma esteja exposta durante todo o dia.

Adube apenas após os mesmos 30 dias. 

*Esse procedimento deve ser utilizado para mudas jovens, em caso de plantas mais velhas, se faz necessário a poda de parte das raízes e um substrato mais drenante.

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